quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Cientistas tentam precisar elevação do nível do mar

Trinta e cinco anos atrás, o cientista John H. Mercer deu um aviso. Então, já estava ficando claro que as emissões humanas aqueceriam a Terra, e Mercer começara a meditar profundamente a respeito das consequências.

Publicado na "Nature", o estudo tinha como título "Lençol de gelo da Antártica Ocidental e efeito estufa: Uma ameaça de desastre". No texto, Mercer destacava a topografia incomum do lençol de gelo sobre a porção ocidental da Antártica. Boa parte dela fica abaixo do nível do mar, em uma espécie de tigela, e, segundo ele, o aquecimento climático poderia fazer tudo se degradar rapidamente, em uma escala de tempo geológica, levando a um possível aumento no nível do mar de
quase cinco metros.

Embora agora esteja claro que nos encontramos nos primeiros estágios do que provavelmente é uma elevação substancial do nível do mar, ainda não sabemos se Mercer estava certo sobre a instabilidade perigosa que poderia levar aquele aumento a acontecer rapidamente, em tempo geológico. Talvez estejamos chegando perto de decifrar isso. Um novo estudo intrigante vem das mãos de Michael J. O'Leary, da Universidade Curtin, Austrália, e cinco colegas espalhados pelo mundo. O'Leary passou mais de uma década explorando a remota costa oeste da Austrália, considerada um dos melhores lugares do mundo para estudar os níveis do mar do passado.

Publicado em 28 de julho na "Nature Geoscience", o estudo se concentra em um período quente na história da Terra que precedeu a mais recente idade do gelo. Aquela época, às vezes chamada período interglacial eemiano, a temperatura planetária era parecida com os níveis que poderemos ver nas décadas futuras como resultado das emissões humanas, assim é considerada um possível indicador do que vai acontecer.

Ao examinar praias fósseis elevadas e recifes de coral ao longo de quase dois mil quilômetros de costa, o grupo de O'Leary confirmou uma coisa que nós basicamente já sabíamos. No mundo quente do eemiano, o nível do mar se estabilizou durante milhares de anos entre três e três metros e meio acima do mar moderno.

A parte interessante é o que aconteceu depois disso. O grupo de O'Leary descobriu o que considera um indício convincente que perto do fim do eemiano, o nível do mar saltou mais cinco metros, para se estabilizar a cerca de nove metros acima do mar moderno, antes de começar a cair enquanto a era glacial se instalava.

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